Guarda Noturna da Comarca de Catanduva 704q3m

Quando se fala na primeira instituição militar paga e mantida pelo governo brasileiro, é citado o regimento de Cavalaria Regular da Capital de Minas Gerais, institucionalizada em 09 de junho de 1775, onde, Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido pelo seu apelido de Tiradentes, tornou-se comandante em 1780. Essa organização foi considerada a corporação que deu origem, posteriormente, à Polícia Militar de Minas Gerais. 3e4668

Em 1809, por consequência da vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, que acontecera um ano antes, criou-se a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, embrião da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

No período das Regências, em 14 de junho de 1831, é efetivamente criada a atual conhecida Guarda Municipal, com o objetivo de melhor patrulhamento em cada Distrito de Paz.

As patrulhas

As patrulhas deveriam circular dia e noite, a pé ou a cavalo, cumprindo seu dever de maneira exemplar, sem fazer exceção de ninguém. Deveriam ser todos prudentes, corretos, guardando aquela civilidade e respeito devido aos direitos dos cidadãos. Estavam, porém, autorizados em usar a força necessária a todos os que resistissem a serem presos, apalpados ou observados.

No que se refere à Guarda Municipal em Catanduva, antes de sua instalação em nosso município, havia um grupo que proporcionava maior segurança para os moradores de Catanduva: a chamada Guarda Noturna da Comarca de Catanduva, instalada no início do ano de 1937.

Guarda Noturna

Essa guarda foi muito importante para a nossa cidade, cumprindo integralmente as finalidades pelas quais havia sido criada, prestando importante serviço à comunidade.

No dia 1º de setembro de 1937, no prédio da Associação Comercial de Catanduva, deu-se a eleição da Diretoria istrativa da Guarda Noturna, onde o cargo de presidente ficou sob responsabilidade do Sr. Alfredo Minervino e a vice-presidência do Sr. Octacílio Lopes.

Algum tempo depois da publicação de seus estatutos, ocorrendo em 1º de novembro de 1937, os serviços da Guarda Noturna se estenderam aos distritos de Elisiário, Vila Novais, Catupiry e Palmares Paulista.

Em dezembro daquele mesmo ano, iniciou-se uma campanha para a construção de um prédio para ser a sede própria da Guarda Noturna. Para alcançar esse objetivo, organizou-se um Livro de Ouro, que imediatamente recebeu as primeiras doações: Ricardo Lunardelli 2:000$000; Rufino Benito, Irmãos Alonso, Calil Buazar e Basseto & Cia. Ltda, 1:000$000 cada um; Daniel Soubhia, Chafic Maluf e Iran Silva & Cia., 500$000, cada um. Em tijolos, foram feitos as seguintes doações: Gaspar Trazzi 115 mil; Ozório Louzada 15 mil.

Em terreno doado pela Prefeitura Municipal de Catanduva, localizado à Rua Amazonas, foi construído um prédio de três andares, contando com grande colaboração da população. A planta foi confeccionada pelo Dr. Antônio Záccaro, sendo o local inaugurado em 15 de março de 1939, às 17h00, com jantar comemorativo na Casa D’Itália, às 20h00, servido pelo restaurante do Café da Esquina.

Na cerimônia fizeram uso da palavra o prefeito municipal e presidente da Guarda Noturna, Sr. Alfredo Minervino; o Dr. Antonio Christovam Fernandes Júnior; o Delegado de Polícia, Dr. Francisco Figueiredo Lyra; o ex-prefeito Octávio Gouvêa, representando o Dr. Adhemar de Barros, interventor federal do Estado;  o Dr. Octacílio Lopes; o advogado Dr. Ítalo Záccaro; e Carlos Machado, do Jornal O Corneta. A animação ficou por conta do conjunto de jazz do Sr. Mozart de Abreu.

Funcionamento

Subordinada à Delegacia de Polícia de Catanduva, a Guarda Noturna da Comarca de Catanduva exercia, também, funções policiais no serviço de manutenção da ordem, contando, em 1939, com 33 policiais concursados.

Sob o comando do Sargento Carlos Valino, desses 33 membros, 13 prestavam serviços dentro da sede e os demais eram distribuídos pelos demais distritos e áreas de Catanduva. Existia, ainda, um serviço de fone-patrulha que conectava a sede com alguns pontos da cidade onde estavam os guardas e que era um sistema para se certificar da eficiência e controle dos serviços prestados.

Após a extinção da Guarda Noturna, surge em maio de 1974, o Serviço de Vigilância Noturna, organizado de acordo com a Lei Orgânica da Polícia, Nº 10.128, de 25 de maio de 1968, possuindo alvará de funcionamento expedido pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Inicialmente, o SERVINCA contou com o trabalho de 20 homens, cuja seleção e treinamento ficaram a cargo do Dr. Nelson Lourenço Vanni. Após alguns anos de trabalho, o SERVINCA colocou um ponto final em suas atividades.

Em 1988, caberia ao Dr. José Alfredo Luiz Jorge, que exercia o cargo de prefeito municipal, traçar planos para efetivamente dotar nossa cidade de novo órgão de vigilância, que funcionaria como um apoio à Polícia Civil e Militar. Porém, o feito só seria organizado anos mais tarde.

Em 1993, por determinação do prefeito Carlos Eduardo de Oliveira Santos é que o Dr. José Rodrigues, responsável pelo setor de segurança de nosso município, recebeu a tarefa de trabalhar para efetuar a legalização de nossa então Guarda Municipal de Catanduva, presente até os dias de hoje.

Fonte de Pesquisa:

 - Jornal A Cidade, de 29 de janeiro de 1937;

 - Material pesquisado no Centro Cultural e Histórico Padre Albino.

 

Foto: Diretoria da Guarda Noturna defronte à Igreja Matriz São Domingos, em 1º de setembro de 1937. Da esquerda para a direita: Carlos Merighe, João Pinotti, Reynaldo Gonçalves (1º secretário), Dr.Francisco Figueiredo Lyra (delegado de polícia e presidente honorário), João Toledo,  Gentil de Ângelo (1º Tesoureiro), Alfredo Minervino (presidente e prefeito municipal), Dr. Octacílio Lopes (vice-presidente), Paulo Elias Antonio, Fermínio Leite Nogueira, José Patriani, Giordano Mestrinelli. Ao fundo, soldados que faziam parte do batalhão de vigilantes

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.